Como nossa vida está mudando em razão da pandemia de Covid-19? Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos investigou o assunto.

Como nossa vida está mudando em razão da pandemia de Covid-19? Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos investigou o assunto.
Por sete meses, por causa da Covid-19, nossas vidas mudaram consideravelmente: cada país, governo e pessoa está procurando sua própria
maneira de lidar com um evento desconhecido e perigoso. Vários artigos publicados recentemente na revista científica Brain, Behavior and Immunity destacaram alguns dos profundos impactos psicológicos que a pandemia está provocando em todo o mundo. Pesquisadores argumentam que um nível razoável de atenção e reflexão sobre as informações relacionadas ao novo coronavírus pode ajudar as pessoas a se sentirem seguras durante a crise, mas pensar muito sobre a doença pode ser debilitante e prejudicial à saúde.

Quando o pensamento relacionado à Covid-19 é excessivo? Para responder a essa questão, as frequências do processo de pensamento
relacionados ao vírus foram sistematicamente examinadas. Foi analisado o modo como esses “pensamentos” se relacionam com a angústia e o comprometimento funcional (portanto, afetivo/relacional, cognitivo, autonomia etc.). Essa pesquisa, realizada nos Estados Unidos, foi baseada em duas grandes amostras de dados. Uma delas abordou 775 adultos (com idade média de 30 anos) que relataram algum nível de ansiedade em relação ao novo coronavírus (coletas feitas entre 11 e 13 de março), enquanto outra entrevistou 398 adultos (com idade média de 32 anos) que revelaram não se sentirem limitados por qualquer nível de ansiedade (coletas feitas nos dias 23 e 24 de março).

Do ponto de vista prático, pensar muito na Covid-19 corresponde aproximadamente a passar pelo menos 3 a 7 dias pensando repetidamente sonhando, tendo pensamentos perturbadores sobre ter contraído o coronavírus e sobre a chance de encontrar pessoas que possam ter sido infectadas. Embora esses processos cognitivos de defesa surjam de um sistema evoluído biologicamente projetado para manter a pessoa a salvo de perigos, esses tipos de padrões persistentes e angustiantes são sintomas comuns de ansiedade clínica. Além disso, eles provaram ser inadequados não apenas pelo desconforto funcional, mas também porque estão associados a uma série de problemas, desde abuso de substâncias a pensamentos suicidas.

Esses dados científicos suscitam duas considerações: a primeira é sobre a importância das intervenções em nível político e de saúde, conforme já solicitado pelas Nações Unidas e pelo Conselho Nacional de Psicólogos para apoio psicológico às pessoas que manifestam desconforto. Portanto, trata-se de uma abordagem integrada do tratamento, de acordo com o modelo biopsicossocial de saúde proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A segunda reflexão está relacionada a pensar “demais” sobre a infecção e a incerteza sobre o futuro: cada um pode ser promotor de uma cultura de esperança, de espaços de bem-estar onde possa encontrar equilíbrio. Precisamos continuar a projetar e encontrar estratégias inovadoras para o trabalho, o que é crucial. Precisamos nos proteger emocionalmente e conter nossos medos.

Realizar atividades agradáveis em contextos seguros é um alimento para o nosso bem-estar. O desafio hoje, que envolve a todos nós
e em todos os níveis, é viver o presente, não cair na negação do problema e não deixar sermos absorvidos pelo pensamento excessivo sobre a Covid-19.

Veja o artigo ORIGINAL publicado na revista Cidade Nova en PDF

por ANGELA MAMMANA

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